Falta de pesquisas dificulta prevenção da gravidez em mulheres com HIV, diz médica da UFPE Terezinha da Silva durante congresso em Curitiba



19/05/2011 - 12h45

Agência Aids - Como uma mulher que vive com HIV/aids pode se prevenir de uma gravidez indesejada?

Terezinha da Silva - A OMS (Organização Mundial de Saúde) recomenda que seja utilizada proteção dupla, ou seja, a camisinha e outra forma de contracepção.

Por quê?

Há métodos, como o DIU, que previnem a gravidez, mas não impedem que a mulher e o parceiro possam se infectar ou reinfectar com doenças sexualmente transmissíveis. A camisinha oferece as duas proteções, mas há o risco de rompimento. A taxa de falha do preservativo na prevenção da gravidez é de 12% no primeiro ano de uso, segundo a OMS.

Qual a combinação mais indicada?

Para toda mulher, a escolha do método contraceptivo deve ser realizada levando em consideração os riscos e benefícios. De maneira geral, depende de fatores como facilidade de uso, aceitabilidade e disponibilidade. No caso daquelas que vivem com aids, outras questões devem ser levantadas, como a interação com os antirretrovirais.

Faltam pesquisas confiáveis sobre o uso de pílulas para mulheres em tratamento para aids?

Os estudos realizados não permitem conclusões em larga escala. Foram feitos em um curto período de tempo e com poucas pessoas. Precisamos de iniciativas comparando mulheres em tratamento para a aids que tomam e que não tomam pílula, acompanhá-las por mais de cinco anos levando em consideração idade, carga viral, tipo de antirretroviral que fazem uso e a que riscos se expõem.

As mulheres estão se prevenindo corretamente?

Não. Muitas pacientes usam algum método contraceptivo, mas deixam a camisinha de lado. Quando o parceiro também é soropositivo, esse é o argumento delas para descartar a necessidade do insumo. Não levam em consideração o alto risco que estão correndo ou não têm como negociar a utilização com o parceiro.

E a camisinha feminina?.

As mulheres não aceitam. Eu mostro como se usa, elas levam por curiosidade e,duas ou três semanas depois, voltam dizendo que não gostaram, têm medo, não sabem usar...

Então, que estratégia deve ser utilizada?

Começa por um aconselhamento eficaz, que deve ser realizado em toda consulta, e não só na primeira. Outra estratégia é pedir que a mulher leve o parceiro na consulta. Se existe uma infecção sexualmente transmissível o casal envolvido deve ser avaliado. Só assim quebramos a cadeia de transmissão. Esse é o melhor método.


Fábio Serrato

O repórter Fábio Serrato cobre o evento com apoio do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde