No último domingo, a série “Aids, 30 anos depois” ,apresentada pelo médico Drauzio Varella no programa Fantástico da TV Globo, destacou que depois de três décadas do surgimento dessa pandemia, “uma coisa a ciência garante: é totalmente possível levar uma vida normal graças aos remédios, cada vez mais modernos”.
O episódio, segundo a Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (ABIA), faz parecer que a distribuição universal e gratuita de antirretrovirais se converteu no principal indicador para a avaliação da qualidade da atenção e acompanhamento dos soropositivos no Brasil.
Para o grupo, não se pode negar a importância do coquetel antiaids, mas é urgente o reconhecimento da necessidade de implementação da atenção integral às Pessoas Vivendo com HIV/Aids (PVHA) dentro do Sistema Único de Saúde. “Existem exemplos pontuais bem-sucedidos do que todos queremos, mas o acompanhamento integral das PVHA não acontece na maioria dos Estados e municípios do Brasil”, critica a ABIA em nota.
Recentemente, a partir de denúncias feitas por militantes que atuam contra a aids, ganhou notoriedade o mau-atendimento prestado no Hospital do Andaraí, no Rio de Janeiro, quando uma paciente, com suspeita de toxoplasmose, ficou mais de cinco dias sentada em uma cadeira de rodas esperando para conseguir uma vaga para internação.
“É lamentável que situações como essa continuem acontecendo. E não é um caso isolado nem novo, é uma situação que estamos vivenciando diariamente nos últimos anos”, diz a nota. “O controle da epidemia depende sim da distribuição ininterrupta e acesso universal e gratuito aos antirretrovirais, mas também da atenção integral nos diversos níveis de saúde (primário, secundário e terciário), incluindo a prevenção, atendimento e assistência eficazes”, finaliza.
Fundada em 1987 por Herbert de Souza, o Betinho, a ABIA é uma das organizações mais importantes nas áreas de pesquisa e ativismo em prol das pessoas vivendo com HIV e aids no Brasil.