
A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo e a Faculdade de Medicina da USP estão recrutando voluntários para um estudo sobre vacinas preventivas contra o HIV. A pesquisa será realizada com 100 pessoas, sendo 25 do Brasil; 25 de Lima e 25 de Iquitos, no Peru; e 25 de Lausanne, na Suíça, durante 1 ano.
O estudo, que faz parte da rede internacional HIV Vaccine Trials Network (HVTN), sediada nos EUA, pretende analisar a segurança de duas candidatas à vacina e qual delas é mais eficiente.
O estudo não é feito injetando o vírus nos voluntários e não oferece riscos à saúde. “É importante ressaltar que o HIV não está presente nas vacinas que serão testadas. Elas usam componente sintético, que não apresenta o menor risco de infecção pelo vírus da Aids”, afirma o médico Artur Kalichman, coordenador-adjunto do CRT-DST/Aids e responsável pela Unidade de Pesquisa de Vacinas.
Vários estudos estão em desenvolvimento em todo o mundo na busca por uma vacina preventiva contra o HIV. Em 2009, uma pesquisa tailandesa com 16 mil voluntários durante 5 anos concluiu que a vacina proporcionou uma proteção 31,2% maior em comparação com placebo.
PASSO A PASSO
Para uma vacina ir para os testes em humanos, ela primeiro passa pela fase pré-clinica, onde a substância é aplicada em células humanas fora do corpo e em animais. “Com a tecnologia de engenharia genética é possível criar um rato com sistema imunológico humanizado, igual ao do homem. O teste é feito ainda em macacos e só depois de ser bem sucedido nestas fases é que pode ser aplicado em pessoas”, conta Calazans.
Os estudos em fase 1 avaliam se o produto é seguro, por isso são aplicados em um número pequeno de pessoas, para ter uma menor exposição a riscos. Comprovada a segurança, o estudo passa para a fase da eficácia, com grupo populacional maior, de 3 a 8 mil voluntários.
Como é proibido injetar o vírus para checar se a vacina está funcionando, é preciso um grupo grande de pessoas durante um longo período para comparar o número de infectados do grupo que tomou a vacina para o grupo de controle.
Durante a pesquisa são oferecidos ainda aconselhamentos e camisinhas, o que faz com que o número de casos seja reduzido mesmo no grupo que tomou placebo.
Os voluntários
Para ser voluntário, você precisa ser saudável, não infectado pelo HIV, e não pertencer a nenhum grupo de risco. Calazans destaca que o teste com a candidata à vacina não pode ser tido como uma maneira de prevenir o contágio do HIV, pois a pesquisa ainda está no início.
Por isto, o público-alvo são homens de 18 a 50 anos circuncidados (já que estudos comprovam que a prática reduz a contaminação) e mulheres da mesma idade que não estejam grávidas ou amamentando.
O processo passa por avaliação médica, coleta de amostras de sangue e urina e questionários sobre práticas de exposição ao HIV.
A coordenadora destaca que normalmente os voluntários pertencem a três grandes perfis: os altruístas (pessoas que querem ajudar), jovens estudantes da área de saúde (para conhecer melhor a área) e pessoas com proximidade com pessoas com Aids (que convivem com a doença e querem colaborar com a descoberta da vacina).









