
Camisinha tira a sensibilidade! Essa é uma frase comum entre os que não gostam de usar preservativos. E ela não está completamente errada. “Se não soubermos como usá-la, ela vai mesmo reduzir a sensibilidade”, afirma a auxiliar de enfermagem do SAE Sagrada Família, em Belo Horizonte, Cleonice Mara Santos. É sob essa justificativa que muita gente deixa o preservativo de lado. “Vários fatores interferem no uso, principalmente os mitos apresentados no cotidiano, dentre eles: camisinha é como chupar bala com papel, camisinha brocha, interrompe a pré-liminar, ou mesmo a ligação feita
entre preservativo e infidelidade”, explica Cleonice.
A ativista Cida Lemos afirma que muitas vezes não usamos a camisinha com fracas des culpas e crença no amor. “É co mo se estivéssemos protegidos contra todos os males simplesmente pelo fato de estarmos amando e confiando nos parceiros”, diz.
A ativista Cida Lemos lembra que para muitas pessoas camisinha não combina com amor, quando deveria ser exatamente o contrário.
Alternativas
Diante de tantas controvérsias, muita gente tem buscado outras formas de prevenção. O gozo interrompido é uma delas. Mas ele realmente previne a transmissão do vírus? A resposta é não. “O vírus do HIV está mais presente no sêmen, mas essa não é a única forma do vírus ser transmitido em uma relação sexual. Há a possibilidade de infecção pela secreção expelida antes da ejaculação ou pela secreção da vagina”, explica a infectologista e Coordenadora de DST/Aids no Município de Betim - MG, Melissa Bianchetti.
Quanto ao uso de antirretrovirais antes das relações, estudos já provaram que ele realmente diminui a transmissão do HIV. “Porém, não está indicado na prática do dia-a-dia”, alerta Melissa. “O vírus do HIV pode ficar resistente aos medicamentos e este é um dos fatores mais importantes para que esta prática não seja usada rotineiramente”, explica.
Pesquisas recentes também apontam para uma diminuição grande da chance de transmissão do HIV para aqueles com carga viral indetectável, mas não em 100%. “Devemos lembrar que o uso do preservativo deve fazer parte de todas as relações, não só para prevenção da transmissão do HIV para outra pessoa, como para sua própria prevenção contra reinfecções e outras doenças sexualmente transmissíveis”, diz Melissa.
Prevenção eficiente
A melhor forma de prevenção ainda é a boa e velha camisinha, inclusive para casais soroconcordantes (ambos positivos para HIV). “O vírus do HIV pode sofrer alterações chamadas de mutações e tornar-se um vírus diferente a cada dia, com isso pode haver transmissões de um parceiro para o outro, o que chamamos de reinfecções”, explica Melissa.
Os parceiros Itamar José e Flávio, voluntários do Grupo Pela Vidda-RJ, não abrem mão do preservativo. “Usamos sempre. Não só a camisinha, mas também o PVC para sexo oral”, afirma Itamar. “Temos uma relação de lealdade e não fidelidade. Somos duas pessoas estruturadas, com mais de 40 anos, e sabemos que às vezes damos nossas escapulidas. Nem por isso deixamos de nos gostar”, conclui.
Apimente a relação
Que tal, então, usar a camisinha para apimentar a relação do casal? Marcos, que há sete anos descobriu-se portador do HIV, diz que a camisinha pode ser prazerosa. “A alternativa é usar a imaginação, usar preservativos aromatizados, colocá-los com a boca”.
Pense na noite que você quer ter e escolha a camisinha que mais te interessa. Mesmo com um custo mais alto, as camisinhas diferenciadas são uma boa opção para sair da rotina. “Devemos ter em mente que estamos comprando uma peça íntima, algo que se adapte perfeitamente ao meu corpo”, afirma Cleonice. SV