
Problemas com o sono são frequentes em pessoas vivendo com HIV. "A insônia é uma queixa comum, podendo levar ao cansaço crônico, à diminuição da atividade física e social e à pior qualidade de vida", afirma a infectologista Karina Ribeiro, do Serviço de Assistência Especializada (SAE) Sagrada Família, de Belo Horizonte (MG). Segundo a médica, o sono pode ser prejudicado por fatores psicológicos, como a ansiedade e a depressão, e fisiológicos, como a ocorrência de infecções oportunistas ou de alterações neurológicas relacionadas ao HIV, que podem provocar desde transtornos cognitivos leves até a demência. "Há, ainda, os efeitos colaterais dos medicamentos. O efavirenz aumenta o risco de insônia", Karina informa.
Efavirenz
O efavirenz também pode causar sonolência e pesadelos. Estes efeitos costumam diminuir com o tempo, mas há pessoas muito sensíveis ao medicamento. Renato da Matta toma efavirenz desde 2004 e conta que ainda sente os seus efeitos colaterais. "Tenho insônia e pesadelos, mas continuo a terapia porque os benefícios valem a pena", considera Renato.
José Luis usava o medicamento e não conseguia ter uma boa noite de sono. Demorou a procurar ajuda, mas conseguiu resolver o problema. "Fiquei com medo de ser taxado de louco", admite. Mas José procurou o serviço de saúde e infectologista e psiquiatra orientaram a troca do medicamento. Hoje, José dorme bem e vive melhor.
Apoio psicológico pode ajudar
Especialmente entre mulheres soropositivas, problemas com o sono podem estar relacionados a fatores psicológicos, culturais e sociais. A conclusão é de estudo realizado no Centro Corsini, em Campinas, que avaliou a qualidade de vida de mulheres vivendo com HIV e registrou alto índice de insônia entre elas.
A psicóloga Priscila Junqueira, autora da pesquisa, explica que, além da adequação da terapia antirretroviral, o apoio psicológico é muito importante. "O tratamento psicoterápico ajuda a recuperar a saúde do sono e a qualidade de vida. Ao apresentar qualquer mal estar, devemos sempre procurar ajuda profissional", aconselha a psicóloga. SV
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