Homofobia e Crimes de Ódio no Brasil e no Mundo









Por Que Matamos As Pessoas?

Por que apertamos os gatilhos sociais, quando nos omitimos e não nos pronunciarmos contra os crimes homofóbicos, crimes de ódio, gerados pela intolerância humana?

A mão que toca um violão se for preciso faz a guerra, mata o mundo, fere a terra...

Como executamos os nossos iguais?

Amigos se vão de forma bárbaras. Morrem e caiem no esquecimento. A banalidade da morte é tão peculiar nos dias de hoje.

No início muita lágrima não quer ver o corpo, não sei o que fazer e assim vamos nos omitindo de tantas barbáries e deixando um corpo lá estendido no chão, na sarjeta, no beco ou no matagal.

Triste, lamentável, mas é a pura verdade.

Nos três primeiros meses do ano de 2008 foram registrados mais de 50 homicídios de gays no país. Estes foram os crimes registrados.

Um ano de violência homofóbica preocupante, pois esse dado não reflete a verdadeira realidade desses homicídios, pois muitos desses assassinatos não são oficialmente registrados nas delegacias de polícia ou nos laudos dos hospitais, pois muitas das vítimas nem chegam a serem reconhecidos depois da morte. São deletadas por completo, desde o sistema que deveria registrar esses homicídios, como as próprias pessoas que as enterram no social, no esquecimento, em uma cova rasa fria.

Enquanto nos Estados Unidos são mortos 25 gays por ano, no México o número chega a 35, no Brasil anualmente são assassinadas mais de uma centena! Um verdadeiro “não senso com a vida humana”

O único meio que encontrei de chorar, deixar as lágrimas brotarem em minha face, foi denunciando de forma passiva, pacata, calada, de forma inteligente, a morte brutal de cada um desses atores sociais, pois além de serem amigos, conhecidos e queridos, o mundo os levou de forma brutal.

Foram assassinados, simplesmente por serem gays, lésbicas, transexuais, simplesmente por não serem o que a sociedade idealizou como pessoas dignas de viver nas leis da moral e bons costumes. Essas mesmas leis que brotam nos templos que surgem em cada esquina ou fundo de quintal no território brasileiro. Verdadeiras máquinas de moer seres humanos.

Quando se tem uma sociedade em que predominam os valores machistas, religiosos, moralistas contra a comunidade LGBT, contra a mulher os negros, eles representarão a negação absoluta desses valores truncados, mal resolvidos, onde o espelho reflete a visão castradora dessa sociedade.

Um ex BBB, Felipe Cobra relata que, “dá porrada nos gays é significativo para ele”. Isto dito publicamente sem nenhuma punição. Neste exato momento outros Cobras estão se alinhando para poderem espancar, matar homossexuais e sem serem punidos.

A igreja católica e os grupos evangélicos são co-responsáveis pelo crescimento da intolerância, quando lutam contra os direitos civis das minorias sexuais.

Quando se ouve um pai falar para o filho, ao ver uma travesti passar a sua frente que; “nesse tipo de lixo, você pode bater, enche de porrada...” e o filho ri e concorda com o pai. Ambos deveriam ser presos, mas ouvimos, nos calamos e a travesti, o homossexual mais afetado, a lésbica masculinizada são alvos fáceis desses monstros sociais.

Seus amigos, meus amigos, morreram por falta de um espaço social civilizado.

Muitos foram torturados até a morte, outros simplesmente levaram tiros, facadas, pauladas, pedradas até perderem suas preciosas vidas ou ficarem com seqüelas para o resto de seus dias.

“Borboletas da Vida”, “Basta Um Dia” produzidos pela Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS - ABIA, e “Sexualidade e Crimes de Ódio” produção independente, são filmes documentários dedicados aos meus amigos, aos seus amigos e conhecidos. Os quais foram barbaramente assassinados, atrocidades de forma cruel.

Lamentável, inaceitável crimes de ódio contra o ser humano.


Vagner de Almeida