Recém-nascido de mãe infectada pelo HIV














Acompanhaemnto clíncio e laboratorial


Nos últimos anos, a detecção precoce do HIV em gestantes tem recebido um alto investimento por parte do governo, que busca aprimorar suas ações de controle da epidemia e evitar o surgimento de novos casos de aids infantil.

CUIDADOS PARA EVITAR A TRANSMISSÃO DO HIV


Para tentar impedir a transmissão do HIV da mãe para filho, os cuidados começam durante o período intra-uterino, quando a gestante soropositiva deve seguir um esquema anti-retroviral adequado para o seu caso. Após o parto, o recém-nascido receberá a quimioprofilaxia com zidovudina – com início, de preferência, entre as duas e oito primeiras horas de vida – até completar seis semanas. No caso da mãe não ter recebido acompanhamento especializado e tratamento anti-retroviral durante a gestação, o início da zidovudina para o recém-nascido deve ser o mais precoce possível.
De acordo com as Recomendações para Terapia Anti-Retroviral em Crianças Infectadas pelo HIV publicado pelo Programa Nacional de DST/Aids do Ministério da Saúde, em 2006, não há comprovação do benefício desta quimioprofilaxia, se iniciada após o bebê completar 48 horas de nascido. A indicação, nesse caso, fica a critério do médico.
O atendimento das crianças nascidas de mães infectadas pelo HIV é realizado em unidades especializadas até, pelo menos, a definição de seu diagnóstico. O ideal seria que mesmo as crianças não-infectadas fizessem visitas periódicas às unidades especializadas até o final da adolescência, em virtude de terem sido expostas não só ao HIV, mas, também, a drogas antiretrovirais.
Essa preocupação reside no fato de não se conhecerem as possíveis repercussões da exposição a tais medicamentos a médio e longo prazo. Infelizmente, esta não é a realidade das unidades de saúde do Brasil.

PROCEDIMENTOS AO NASCER

Alguns procedimentos especiais com a criança na hora do nascimento
quando a mãe é portadora do HIV:

• Imediatamente após o parto, lavar o recém-nascido com água e sabão, evitando contato com o sangue materno e procedimentos invasivos.

• Aspirar delicadamente, se necessário, as vias aéreas do recém-nascido,
evitando traumatismo em mucosas.

• Devido à possibilidade de ocorrência de anemia no recém-nascido em
uso de zidovudina, recomenda-se a realização de hemograma completo da criança no início do tratamento, e após 6 e 12 semanas.

• Assegurar que, ao ter alta da maternidade, o recém-nascido tenha consulta agendada em serviço de referência.

• O aleitamento materno é contra-indicado no caso de criança nascida de mãe infectada pelo HIV, pois pode servir como vetor de transmissão do vírus. O fornecimento contínuo de fórmula láctea deverá ser assegurado por no mínimo 12 meses.
Segundo a agência Unaids, da ONU, a cada ano, mais de 300.000 crianças no mundo são infectadas pelo HIV depois do nascimento.

DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
O exame de sorologia anti-HIV da criança nascida de mãe soropositiva pode resultar positivo até os 18 meses, pois até essa idade ela possui em seu sangue os anticorpos contra o vírus. Nesse caso, o diagnóstico laboratorial da infecção pelo HIV deve ser realizado através da quantificação do RNA viral (carga viral). Recomendase a realização do primeiro exame com um mês de vida. Em caso de carga viral detectável, o exame deve ser repetido logo em seguida para confirmação do diagnóstico. Caso o resultado seja indetectável, o exame deverá ser repetido aos 4 meses de vida. Permanecendo indetectável, a criança provavelmente não está infectada pelo HIV, mas deverá continuar em seguimento clínico e laboratorial até os 18 meses de vida, quando então deverá ser solicitada a sorologia anti-HIV.

VACINAÇÃO DE CRIANÇAS NASCIDAS DE MÃES SOROPOSITIVAS PARA O HIV
Crianças infectadas pelo HIV são mais suscetíveis a infecções como tuberculose e hepatite B, portanto, as vacinas contra a tuberculose (BCG-ID) e contra o vírus da hepatite B deverão ser dadas logo após o nascimento. Segundo a imunologista do Hospital Universitário Gaffrée Guinle, do Rio de Janeiro, Norma Rubini: “como a definição do diagnóstico da infecção pelo HIV ocorre ao longo do primeiro ano de vida, as crianças com exposição vertical ao HIV devem seguir um calendário de imunizações que inclui as vacinas de rotina, com algumas modificações, e vacinas especiais indicadas para pacientes com imunodepressão”.
Para os bebês menores de 1 ano de idade, com suspeita clínica de infecção pelo HIV ou que tenham o diagnóstico definitivo de infecção pelo HIV, recomenda-se não prescrever a vacina Sabin contra a poliomielite. A alternativa é a Salk (elaborada com vírus inativado), que pode ser encontrada em Centros de Referência Imunobiológicos Especiais.