Manifestações clínicas e indicação de tratamento
A progressão da aids em crianças não tratadas com anti-retrovirais pode ser precoce (20% dos lactentes iniciam os sintomas aos 4 meses de idade), ou tardia, com início dos sintomas aos 6 anos. Apesar da progressão da doença estar relacionada, principalmente, a fatores imunológicos e virológicos, a imunologista Norma Rubini observa que “uma vida saudável com boa alimentação, higiene ambiental, assistência médica adequada e ambiente familiar com harmonia e amor certamente contribuem para uma melhor qualidade de vida”.
O espectro de manifestações clínicas da aids pediátrica é muito amplo, sendo que grande parte das doenças apresentadas por crianças infectadas pelo HIV são também observadas em crianças saudáveis ou portadoras de outras condições clínicas.
Segundo Norma Rubini, os principais sintomas e sinais da infecção pelo HIV em crianças são: infecções em vias aéreas superiores de repetição (otites, sinusites), linfadenomegalias generalizadas (vários gânglios volumosos), hepatomegalia (fígado volumoso), esplenomegalia (baço volumoso), hipertrofia de parótidas, atraso no desenvolvimento pondo-estatural, atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, diarréia persistente ou recorrente, febre persistente ou recorrente, candidíase oral, infecções bacterianas graves de repetição (pneumonias, meningite, septicemia), herpes zoster, pneumonia por Pneumocystis jroveci, tuberculose pulmonar, toxoplasmose e infecção pelo citomegalovírus.
CASOS DE TUBERCULOSE TÊM AUMENTADO
Maria Letícia Santos Cruz, pediatra e infectologista do Hospital dos Servidores do Estado, no Rio de Janeiro, ressalta que a tuberculose tem apresentado um importante aumento em crianças infectadas pelo HIV. “Atualmente, na cidade do Rio de Janeiro, o diagnóstico de presença do HIV em adultos se dá principalmente através da tuberculose”, diz a médica, que lembra que os casos de tuberculose em crianças acompanham os casos em adultos.
Os pacientes com indicação de uso da rifampicina para o tratamento da tuberculose devem ter a seleção de antiretrovirais compatibilizada com o uso desse medicamento, com o intuito de evitar a ocorrência de interações medicamentosas adversas e falha terapêutica devido à redução dos níveis de inibidores da protease e da nevirapina.
Todos os ARVs da classe dos inibidores da transcriptase reversa análogos de nucleosídeos (ITRN) são compatíveis com a rifampicina. Dentre os inibidores da transcriptase reversa não-análogos de nucleosídeos, somente o efavirenz é compatível. Assim sendo, o esquema recomendado é a associação de dois ITRN com o efavirenz.
INÍCIO DA TERAPIA ANTI-RETROVIRAL
A introdução da terapia anti-retroviral dependerá da evolução clínica e
imunológica da criança. O tratamento deve ser individualizado e planejado em conjunto com os responsáveis pelo paciente e, quando possível, também com o próprio paciente. O objetivo é atingir o máximo de adesão ao esquema terapêutico indicado, fator fundamental para o sucesso do tratamento.