
Dados do último Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde apontam que a mortalidade por aids no Brasil é de 11 mil óbitos por ano, demonstrando que a doença, ainda hoje, revela-se como um importante problema de saúde pública no país. "Não pode ser natural 30 pessoas morrerem de aids por dia no Brasil", afirma Mário Scheffer, presidente do Grupo Pela Vidda/SP. Segundo ele, o tema está banalizado. "Se um ônibus com 30 pessoas cai no precipício e nenhuma delas sobrevive, toda a mídia se mobiliza. No caso da aids, é como se tivéssemos uma tragédia diária dessas, mas ninguém fala sobre o assunto", diz.
O ativista ressalta que estamos convivendo com um patamar de óbitos elevado há muito tempo. "Com a entrada de medicamentos mais potentes em 1996, observou-se uma queda na mortalidade de cerca de 50%. Porém, nos últimos cinco anos, temos uma taxa que, apesar de estável, é extremamente alta", completa.
Diagnóstico tardio
Dentre as causas que contribuem para o cenário em questão, encontra-se o diagnóstico tardio. "Uma parcela muito alta da população chega tardiamente para a testagem, já doente ou com o sistema imunológico muito debilitado", explica Mário Scheffer.
Segundo a infectologista Melissa Bianchetti, Coordenadora do Programa de DST/Aids de Betim, Minas Gerais, estudos demonstram que cerca de 35% dos pacientes que chegam às primeiras consultas de HIV têm CD4 menor que 200, ou seja, com diagnóstico de aids. "Os casos poderiam ser diagnosticados mais precocemente e possivelmente com redução da mortalidade", afirma Melissa.