A medicação precoce dos portadores do HIV reduz em 96% o risco de transmissão do Vírus da AIDS

















Karina Pastore
A 6ª Conferencia da Sociedade Internacional de AIDS, realizada recentemente em Roma, foi palco de uma comoção raramente vista em um congresso médico. Vindos de todas as partes do mundo, quase 3000 especialistas lotaram a sala Santa Cecilia, o maior auditório do imponente Parco della Musica, para ouvir o infectologista americano Myron Cohen, da Universidade da Carolina do Norte. Ele falou durante dez minutos e, ao terminar, foi ovacionado de pé, por cinco minutos. A exultação se explica. Como definiu o médico Scott Hammer no editorial da prestigiosa revista The New England Journal of Medicine, o trabalho de Cohen, intitulado HPTN 052, 6 a "prova definitiva" de que medicar precocemente o portador do HIV (ou seja, antes que ele manifeste qualquer sintoma relativo à presença do vírus) não apenas salva sua vida, mas reduz em 96% o risco de transmissão do HIV. O impacto dos remédios ANTIRRETROVIRAIS na contenção da epidemia equivale praticamente ao de uma vacina.
A maioria dos protocolos de tratamento dos portadores do HIV indica o uso de medicamentos somente a partir do momento em que as células CD4 (os generais do sistema imunológico e alvos do HIV) baixam a níveis em que os pacientes começam a apresentar os primeiros sinais de enfraquecimento e risco de doenças oportunistas a ele associadas. "Outras pesquisas mostram que, se o paciente é tratado quando as taxas de CD4 ainda estão normais, a sua expectativa de vida se iguala à de uma pessoa não contaminada pelo HIV", diz o infectologista Artur Timerman, de São Paulo.
Para fazer valer a filosofia proposta pelo estudo de Cohen, seria necessário aumentar o número de diagnósticos precoces - no Brasil, isso só ocorre em 55% dos casos. Além disso, todos os 34 milhões de infectados ao redor do mundo deveriam ser medicados com ANTIRRETROVIRAIS - o que acontece apenas com 6 milhões deles. Sairia caro? Não, quando se leva em conta que a prevenção de apenas um caso de AIDS economiza o dinheiro gasto no tratamento de cinquenta doentes.

Nota do editor de Soropositivo.Org